domingo, 25 de março de 2012

Regenerar Braga e a primavera da Cidade - Artigo de Ricardo Pereira da Silva


Na Praça Alexandre Herculano, conhecida como Largo dos Penedos, a regeneração avançou, inicialmente, na Rua de S. Vicente, por onde passava a Via Nova e retirou o trânsito automóvel desta artéria,  aproveitando para compor as canalizações ali existentes. Precisamente neste local, a propósito de canalizações, surgiram as condutas de pedra do sistema de abastecimento de água das Sete Fontes. Ora, sabendo que as Sete Fontes são hoje Monumento Nacional, este achado é uma extensão desse monumento que, uma vez que a rua ficará inibida de trânsito, poderia e deveria ser musealizado. Numa altura em que os comerciantes e moradores veem com receio a retirada do trânsito automóvel, muitos destes sugeriram que a conduta de água fosse tratada e colocada à fruição pública, como ponto histórico de atração turístico, que convidasse bracarenses, turistas e outros curiosos a conhecer um pouco da História da Água, da profissão dos “agueiros”, dos sistemas construtivos de proteção às condutas e à qualidade da água.
A JovemCoop apresentou ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia de S. Vicente um documento que apontava a necessidade e as mais valias para se proceder à musealização. Sabemos que o documento foi entregue nos serviços camarários para se proceder a uma avaliação.
Ora, o nosso espanto foi descobrir pelos órgãos de comunicação social que a CMB não irá proceder a qualquer musealização desta conduta (lembramos que a intervenção ainda vai no início e que ainda há um enorme troço de canalizações históricas dali até ao largo dos Penedos que podia ficar visível e musealizada) e que não recebe lições de preservação do património de ninguém. Além da clara falta de cultura democrática, aquilo que a CMB se deveria orgulhar é precisamente pela cidade e os cidadãos contribuírem com ideias, pois mal está a cidade em que os cidadãos não participam e que os executivos políticos vivem fechados sobre si e sobre as suas ideias.
Além de que é um claro contrassenso, em ano de Capital Europeia da Juventude, que as instituições do projeto ligado à CMB apelem à participação dos Jovens, apelem à cidadania, rubriquem no programa oficial atividades como as que a JovemCoop tem vindo a desenvolver (nomeadamente Curso da História da Cidade de Braga, Caminhadas por vias romanas, percursos interpretados pelo Barroco de Braga, desenvolvimento de sinalética interpretativa para monumentos) e depois a autoridade máxima do executivo afirma que não recebe lições de ninguém. Não são lições, são contributos e partilhas.


Extracto da crónica,

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